quinta-feira, 28 de abril de 2011

Impactos ambientais e a vida nos mangues.



Mangues sofrem o impacto da poluição

http://www.online.unisanta.br/2002/05-25/fotos/ciencia-2-250502.jpgO impacto da urbanização crescente nas áreas de mangue da Baixada Santista colabora cada vez mais para a diminuição da indústria pesqueira da região. A redução dos manguezais prejudica a reprodução das espécies que serviriam de alimento para os peixes da área costeira.

Para o biólogo Orlando Couto Júnior, que fez um levantamento da fauna e flora dos manguezais de Monte Cabrão, na área continental de Santos, a principal causa da degradação está na ocupação imobiliária, com a construção de moradias e resorts, a exemplo do que ocorre no Nordeste.

Para ele, os mangues são o berço da cadeia alimentar marítima. "Destruir estas regiões é como fechar uma maternidade”.

De acordo com o biólogo, muitas “maternidades” estão sendo fechadas. Para se ter uma idéia, a maior favela da Baixada Santista, o México 70, foi construída totalmente em área de mangue. A invasão do local se acentuou no fim da década de 1960 quando trabalhadores das obras da Via Anchieta ocuparam a área.

Atualmente, a favela tem 60 mil habitantes, o equivalente a uma cidade de pequeno porte. Sem saneamento básico, é comum moradores poluírem ainda mais a área, causando a destruição do meio ambiente e afugentando os peixes e crustáceos. A baixa escolaridade predominante entre os que vivem no local é um dos fatores que ajudam a tornar difícil a conscientização.

Alguns moradores dizem conhecer o problema, mas justificam dizendo que falta opção. Se saírem dali não têm outro lugar para morar.

A área é protegida pela lei, pois é considerada patrimônio nacional, já que os manguezais se encontram na Zona Costeira. Segundo a Constituição, a utilização destas áreas só é possível dentro de “condições que assegurem a preservação do meio ambiente”.

O engenheiro florestal do Ibama, Raimundo Barbosa, diz que a 
legislação é severa com relação a crimes ambientais, mas que o problema está na fiscalização. Para ele, falta estrutura aos governos federal, estadual e municipal para o cumprimento da lei.

Existe um projeto da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no México 70 com o objetivo de amenizar as questões relacionadas à habitação e ao meio ambiente, mas nem todos concordam com a iniciativa. A maior parte dos moradores não tem condições de arcar com despesas com impostos, água e luz, além das mensalidades referentes ao apartamento da CDHU. Nos barracos, a preocupação das famílias é apenas com a comida. Ligações clandestinas são responsáveis pelo abastecimento de água e luz.

Os reflexos da poluição e da diminuição dos manguezais já são perceptíveis em pequenas regiões que têm a economia baseada na pesca.

Segundo o biólogo Jorge Luis Santos, os maiores prejudicados são os pescadores artesanais, que não podem se deslocar para regiões menos poluídas. Mas ele ressalta que os de pequeno e médio porte também sentem o impacto da degradação ambiental, mas não diretamente. Para ele, em médio prazo, muitos perderão totalmente as condições de trabalho. “A migração de pescadores para outras ocupações já está acontecendo. O problema é que a grande maioria não tem condições de estudar e também não vê no estudo uma possibilidade de ascensão social.”

O destino de muitos destes pescadores é a construção civil. Os que ainda possuem barco, como o próprio Jorge Santos, que também é pescador, alugam para turistas da Capital praticantes da pesca esportiva.
Disponível em: http://www.online.unisanta.br/2002/05-25/ciencia-2.htm


GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ
A RIQUEZA ESCONDIDA NA FLORESTA DE MANGUE
Por Eliana Morais de Abreu e Maria do Socorro V. do Nascimento
eliana@fapepi.pi.gov.br

As florestas de mangue constituem-se num ecossistema exclusivo das regiões costeiras localizadas em áreas tropicais de todo o globo. São formadas a partir do encontro da água doce com a salgada, sujeitas às variações das marés. Apresentam características altamente particulares, como água salobra, solos muito moles e pobres em oxigênio. Contudo, são ricos em matéria orgânica em decomposição, o que contribui para enriquecer as águas estuarinas com sais e nutrientes. Essas florestas lodosas de água escura foi, por muito tempo, consideradas como um ambiente inóspito e sem grandes atrativos estéticos, principalmente pelo odor exalado e pela presença de mosquitos que muitas vezes, espantam seus visitantes. Estas características contribuíram para que veranistas e turistas considerassem o manguezal como um local inapropriado para passeios turísticos. Assim, por longo período o manguezal manteve-se ignorado e suas riquezas permaneceram escondidas. Embora considerado como um ambiente pouco atrativo para o turismo, e até mesmo menosprezado, o manguezal sempre foi reconhecido pelos pesquisadores como um berçário biológico, essencial para a reprodução, alimentação e desenvolvimento dos filhotes de vários animais, assim como rota migratória de aves.  Apesar de não ser rico em espécies, esse ecossistema se destaca pela grande abundância das populações que nele vivem, daí serem considerados um dos mais produtivos ambientes naturais. A vegetação arbórea do manguezal é constituída por poucas espécies que apresentam adaptações estruturais e fisiológicas necessárias às condições oferecidas por esse ambiente, são: o mangue vermelho (Rizhophora mangle), o mangue branco (Laguncularia racemosa) e o mangue siriba ou siriúba (Avicennia schaueriana). Nesse ambiente, onde os caranguejos formam enormes populações nos fundos lodosos, vivem moluscos, ostras e mariscos. Associada à essas populações vivem camarões e inúmeras espécies de peixes, que procuram o manguezal principalmente na fase jovem.  No Brasil, devido à importância sócio-econômica que estas florestas representam para o ambiente marinho e às comunidades pesqueiras, são protegidas por lei. Entretanto, este ecossistema, mesmo protegido por lei, vem sofrendo com as agressões humanas, como a poluição das águas, o derramamento de petróleo, o desmatamento e o aterramento para construção civil. As florestas de mangue são fontes de bens e serviços, oferecendo uma rica alimentação protéica de origem marinha, tanto para a população litorânea como também para veranistas e turistas. Gerando uma fonte de renda para a região advindo da pesca artesanal e da culinária. Além disso, o turismo ecológico desponta com uma atividade alternativa para inúmeras famílias. Quanto à prática do turismo ecológico, merece destaque a experiência vivenciada pelos turistas e veranistas que visitam o distrito de Barra Grande, no município litorâneo de Cajueiro da Praia, Estado do Piauí. Nesta localidade, um grupo de jovens liderados pelo presidente da Associação de Condutores de Turista de Barra Grande, a maioria filho de pescador, sabia da importância e das peculiaridades do manguezal. elaboraram um interessante roteiro ecológico voltado para atender aos anseios visitantes que ali procuram entretenimento.
O roteiro organizado consta de um passeio ecológico pelo leito do rio Camurupim, onde os visitantes percorrem este rio num barco a remo descobrindo suas riquezas, ali o visitante tem contato direto com a exuberante floresta de solo lodoso, e recebe dos jovens informações sobre a fauna e a flora local. Um suspense é gerado quando falam sobre um peixe esquisito com cauda de jacaré, boca de sapo e que rosna como um cão, conhecido como “pacamão” (Lophiosilurus alexandri ), que vive em locas ou troncos de árvores ocas caídos nas águas. Outro peixe esquisito é o “quatro olhos” (Anaplebs anaplebs). Quatro olhos? Não, na verdade trata-se de uma espécie que ocorre em grande quantidade na região, seus olhos são divididos de modo que ficam com parte deles fora d’água, vigiando seus predadores, e a outra parte sob a água, procurando alimentos, como insetos e peixe pequenos. Outra espécie que atrai a atenção dos visitantes é o “cavalo-marinho” (Hippocampus sp). Sempre presente no imaginário popular pela sua forma e comportamento singular, cabeça semelhante a do cavalo, nada com o corpo em posição vertical. O curioso é que o macho é que fica grávido. A abundância dessa espécie motivou a denominação de uma camboa com seu nome.
Durante o passeio, o visitante interage com o ambiente, recebendo instruções sobre a ecologia do manguezal, podendo até participar da coleta de marisco e sururus, e ver uma grande variedade de crustáceos como o caranguejo-uçá (Ucides cordatus), o “aratu”, conhecido como “gatinha” (Goniopsis cruentata) e o “chama-maré” (Uca sp.).  A excentricidade do ambiente é denotada também pelo espetáculo dos bandos de aves que vão ali para se alimentar especialmente na maré baixa, quando o solo está exposto. Este ecossistema garante pouso seguro para outras aves e espécies migratórias que usam suas árvores como pontos de observação e de nidificação. Além de aves e crustáceos, pode se avistar mamíferos como o guaxinim, conhecido na região como mão-pelada (Procyon cancrivoros) que se beneficiam da riqueza do manguezal para alimentar-se de caranguejos e de peixes.
Apesar de toda essa riqueza escondida, o manguezal é muito vulnerável aos efeitos do desenvolvimento econômico e do crescimento desordenado das populações humanas. Portanto, a exploração irracional desse ecossistema poderá comprometer a sua existência. Atitudes como a desses jovens são bastante louváveis, tanto pela valorização da riqueza do manguezal, como por ser uma prática sustentável.

Disponível em: http://www.fapepi.pi.gov.br/ciencia


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